Ele há cada um!

Constituída por 14 artigos, a Declaração Universal dos Direitos do Animal foi proclamada em 15 de Outubro de 1978. O primeiro considerando é ategórico: “Todo o animal tem direitos” — o que implica que, sendo o homem a reconhecê-los, é o homem que tem deveres para com os animais.
Mais tarde, em 13 Abril de 1993, foi aprovada a Convenção Europeia para a Proteção dos Animais de Companhia. Desta Convenção retiro o seguinte: “O homem tem a obrigação moral de respeitar todas as criaturas vivas, tendo presentes os laços particulares existentes entre o homem e os animais de companhia; (por isso) são proibidas todas as violências injustificadas contra animais, considerando-se como tais os atos consistentes em, sem necessidade, se infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado, ou graves lesões a um animal”.
Até aqui tudo bem. Mas vamos aos factos. Fomos informados pelos MCS que três crianças foram atacadas por três cães, em espaços e circunstâncias diferentes. Como resultado desses ataques, as crianças foram submetidas a intervenções cirúrgicas e a tratamentos vários. Os cães, coitadinhos, sujeitaram-se à morte antecipada, mas as petições nas redes sociais foram em sentido contrário e venceram! Aí estão os cãezinhos à espera de novas oportunidades! Alguns comentários jocosos diziam que as crianças poderiam morrer, mas os cães, não!
Então não é que, a acrescentar a estes disparates, anda, num cartaz de propaganda partidária, o convite a que se «alargue a família, adotando um animal de estimação»?! Alargar a família? A do cão e do gato, ou a humana? Francamente! Ao que isto chegou!
Terá descido tão baixo o sentido de família a ponto de se não fazer distinção de espécies e de raças umas com as outras e entre os animais e o homem? Também aqui se retende a igualdade de género? Já não há dicionários que digam que a estima e o amor que se tem pelas pessoas e a estimação que se tem pelos animais entroncam em realidades diferentes, por estas serem mesmo diferentes? Será preciso idolatrar os animais como se fazia entre os egípcios do tempo dos faraós, enquanto se descartam crianças? Que valor antropológico tem a aprovação, no Parlamento, do estatuto legal dos animais de estimação, em tudo comparáveis aos seres humanos?
Fala-se da «inteligência» dos animais e receitam-se suplementos alimentares para avivar a memória humana dos que procuram uma «memória» de elefante! Se o Dr. Pavlov cá viesse, tenho a certeza que se fartava de rir! A inteligência e a memória dos animais hão de ser medidas pelos mesmos parâmetros usados nos seres humanos? As circunvoluções cerebrais e os saltos qualitativos na evolução não nos dirão nada?
De facto, as modernices destas e doutras posturas dos intelectuais de esquerda são bem o sintoma do vazio de valores que nas suas cabeças vai! Preocupam-se com os animais? Eu também. Acham que o homem não tem o direito de dispor da vida dos animais? Eu também. Mas haja tino! Um cão é um cão, um gato é um gato e uma pessoa é uma pessoa. Ontologicamente são diferentes; e na dignificação racional e sentimental, também. As diferenças são muitas e ocupam muito mais espaço do que aquele que os “iluminados” do PAN quejandos querem fazer crer...
Cón. Manuel Maria in a defesa (23 de Maio)