Chorar silenciosamente
Submetido Qui, 12/09/2019 - 12:10Chorar silenciosamente
Chorar silenciosamente
O alerta já tem dois mil anos: “Não podeis servir a dois senhores... não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Servir o deus dinheiro é cair na tentação identificada no «tudo isto te darei se, prostrado, me adorares». Está visto que a humanidade, apesar dos alertas, continua a assobiar para o lado e a preferir a idolatria do dinheiro. De vez em quando somos confrontados com notícias sobre desvios, fraudes, roubos, burlas e um sem-número de esquemas a envolver dinheiro e riquezas que voam duns donos para outros, de uns países para outros... até que poisam num qualquer paraíso fiscal.
A quaresma dos 40 dias, anos, séculos, de caminhadas faz pensar e faz viver ao ritmo de Cristo, Salvador.
Algo se está a passar de muito grave na nossa sociedade. Algo aflitivamente complexo está a minar as relações entre as pessoas. Algo demasiado contundente para ser reduzido à frieza dos números de vítimas, à capturar dos réus e, sobretudo, para estarmos reféns dum ambiente atrozmente doentio.
Desde finais do século XIX até um pouco depois do concílio Vaticano II, o contexto sociopolítico português criou uma imagem distorcida da pessoa e da missão do padre, sobretudo nos ambientes académicos e citadinos. A história - desde o liberalismo, passando pela implantação da República e culminando com o 25 de Abril - é muito concludente e não deixa margens a quaisquer dúvidas. O povo português, dito culto, é muito anti-clerical.