Refeitório Social da paróquia de São Pedro de Faro reforça apoio a 200 pessoas nesta época de Natal

O Refeitório Social da paróquia de São Pedro de Faro intensificou a sua atividade nesta quadra festiva para garantir que o Natal chegue à mesa dos mais desfavorecidos.

Atualmente, o serviço presta apoio regular a mais de 70 famílias — um universo que supera as 200 pessoas — através da entrega de refeições e bens alimentares duas vezes por semana, às quartas e sextas-feiras.

Nesta semana, as famílias receberam um reforço especial de Natal que lhes foi entregue esta terça-feira, dia em que o pároco, o cónego Carlos César Chantre, também visitou aquele serviço. A ementa festiva, preparada para cerca de 70 agregados, incluiu arroz de forno com carne, rissóis, presunto, arroz doce, salada de frutas, bolo-rei e outras iguarias sazonais. Este cabaz representa um complemento substancial à refeição habitual distribuída pelo refeitório, que consiste em sopa, prato principal, iogurte, fruta e pão.

O apoio é prestado em regime de take-away, permitindo que os beneficiários levem tanto refeições já confecionadas como géneros alimentícios para cozinhar nas suas próprias casas.

O desafio do voluntariado

Apesar da importância do serviço, a sustentabilidade logística é um desafio constante. O refeitório conta atualmente com 25 voluntários, na sua maioria aposentados. Mariana Piteira Santos, coordenadora do serviço, confessa ao Folha do Domingo a dificuldade de manter a estrutura: “É muito difícil gerir este serviço só com voluntários, sem ninguém assalariado”.

A escassez de mãos disponíveis já forçou o cancelamento da distribuição aos domingos.

Embora existam jovens dos grupos paroquiais que ajudam em momentos pontuais, a vida universitária limita a sua assiduidade. “Os jovens são voluntariosos, mas é difícil terem tempo”, lamenta a responsável.

Solidariedade que vem das escolas

Para além do apoio fulcral do Banco Alimentar Contra a Fome, a comunidade escolar de Faro uniu-se à causa. Este ano, as escolas Dr. Joaquim Magalhães e Tomás Cabreira doaram um total de 1360 bens alimentares para o Natal. O Colégio de Nossa Senhora do Alto é outra das instituições que mantém o hábito de contribuir para este serviço paroquial.

O novo rosto da pobreza: precariedade e habitação

Em declarações ao Folha do Domingo, Mariana Piteira Santos traçou um retrato preocupante da realidade social na capital algarvia. O perfil de quem procura ajuda é diversificado: desde a pobreza geracional — idosos com pensões “muito pequeninas” que nunca tiveram carreiras contributivas — até situações de pobreza inesperada.

“A procura tem vindo a crescer outra vez”, explica a coordenadora, sublinhando a presença de muitos estrangeiros (desde cidadãos da Europa Central a pessoas dos PALOP) e de sem-abrigo.

Contudo, um dos pontos mais alarmantes destacados por Mariana Piteira Santos é o fenómeno dos “trabalhadores pobres”. A coordenadora refere que muitos dos utentes, apesar de terem formação e emprego, vivem em situações de precariedade ou exploração laboral. “Ter trabalho não é condição para não se ser pobre. Os salários são baixos e as rendas de casa dispararam”, conclui, exemplificando com casos de famílias católicas angolanas acompanhadas pela paróquia que, mesmo integradas, não conseguem fazer face ao custo de vida atual.

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